Pisque seus
olhos apenas uma vez
E imagine
ao abrir que tudo esteja em ruinas
Tudo que
você um dia amou e que já não existe mais
Aquela rua
que você passava todos os dias
E que não
está mais lá
Aquela árvore
que você se abrigava nos dias quentes
E da qual
não resta nem mais a sombra
Imagine tudo
apagado do mapa
Não restando
um lugar sequer que te fizesse crer
Que o
passado foi real e não apenas um delíro
Imagine que
seu pequeno mundo foi transformado em cinzas
Até aquilo
de mais sólido na sua vida liquefeito em nada
Consegues imaginar
a dor da ausência de tudo?
Consegues
imaginar a descrença que terias
Diante de
tudo que teus olhos estavam a testemunhar?
Consegues imaginar
a loucura tomando conta da tua essência
Diante desse
quadro de horror?
Consegues imaginar
quanto terrível seria o grito de desespero
Que jamais
conseguirias expelir de tua garganta?
(Talvez
essa seja uma pálida ideia do que sofreu uma das milhares de almas vitimadas em
Hiroshima e Nagasaki, segundos depois de tudo que para elas tinha significado
ter sido tão violentamente roubado. E mergulhada em sua dor e descrença ficou
incapaz de perceber milhares de outras almas em tristes condições semelhantes.)
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